Problema epistemológico #1

Prolegômeno de lei: (grosso modo) Epistemologia é estudo de “como conhecemos os gadgets*”; é uma teoria do conhecimento acerca das coisas, e isso basta para que não restemos um tanto quanto proselitistas...
Longe de propor um enigma da esfinge, mas não há duvidas que o “conhece-te a ti mesmo (e conhecerás os deuses e o universo)” é batuta pra caramba desde muito antes de Hamlet e útil pra diminuir as idiotices que fazemos em vida.
Para conhecer e entender o mundo, o outro, as coisas em si, é necessário conhecer a si mesmo: “por que eu falo assim porque eu sou assado...?” Desde Sócrates (não o do Curintcha, mas o da Grécia) se fazia necessário o questionamento das coisas, que culminaria, à partir da reflexão, com as respostas nascendo de nós mesmo... ou seja, nós temos as respostas pra quase tudo... vez ou outra alguém acerta até na loteria. Jesus disse algo muito parecido: “não há nada oculto que já não tenho sido revelado”! Bingo! Basta por a cachola pra pensar e com algum esforço e sorte as respostas meio que brotarão...
O conhecer a si próprio nos proporciona prever e controlar nosso comportamento (salve Skiner e seu Behaviorismo), logo, é razoável a diminuição de se fazer merda aleatória. Mas aí vejo um “pulo do gato”: para nos conhecermos devemos saber quais as noções e juízos que temos do mundo exterior! Ou seja, se acho certo cuidar de gatíneos peludinhos, vou achar um absurdo os chineses que se alimentam destes felinos, e por aí vai... A partir deste conhecimento que tenho do mundo, vou moldando meus valores e acabamos por ver inclusive como os outros nos vêm, principalmente quando soltam comentários como esse: “- Lá vem aquele(a) que só fala de gatos”. Desta forma, na maioria das vezes, nos vemos pelos olhos dos outros e isso acaba por nos diminuir (anular) ante aos pares (tipo assim: “só vivo por você morzinho”, e tal...”). Daí é importante se conhecer pra saber que você não é apenas aquele ser egiptólogo cultuador de gatos... você também deve gostar de Netflix e amendoim torradinho.
Pra não soar “auto-ajuda” nem vou receitar técnicas e coisa e tal (até porque também estou “em busca de”), só mesmo a recomendação de que temos que nos questionar acerca do cabimento das coisas, “porque to fazendo essa merda?”, “como ajo diante das merdas que fiz ou fizeram pra mim?”, e assim teremos a certeza da melhor terapia não profissional (um analista as vezes vai bem no caso de uma imensa dificuldade de agir por si próprio) estar dentro de nós mesmos.
O tal do Freud sempre me lembra que agimos muito pelo inconsciente, e isso ferra com muita coisa, como se a vida fosse uma viagem na qual ligamos o piloto automático... mas nas ruas e estradas sempre muda alguma referencia e aí o tal do GPS as vezes não nos dá um alerta: “recalculando a rota” e pronto, danou-se!
Curta a vista, desacelere, deixe de visitar os lugares que todo turista da moda visita. Dirija no “modo manual”, sinta o prazer de convergir nas curvas mais bruscas, da dificuldade na mudança e redução das marchas... vai sobrar mais tempo pra apreciar a vista ao redor e ouvir um bom groove (baby!).
E quem disse que porque a viagem é insólita a vista não deve ser de toda aprazível!? Em nosso eterno “devir” (mudança), resta que de cada mergulho no rio somente a certeza de que nem ele, nem eu somos mais os mesmos! Nós nunca fomos!


* Gadget: transliteração para demonstrar o sinonimia "modernosa" da palavra “coisa”, parafernalha, geringonça. Do popular: gambiarra!

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