JUVENTUDE NENHUMA – MEA CULPA
Resistência e transformação se
faz necessário ante a exigência social de generalização e submissão dos
comportamentos, que desde muito cedo é praxe junto ao instituto social da
normalização e construção do ser juvenil que hoje vemos: pessoa nenhuma. A caneta alienista é normalizadora (capitalista ou
socialista), e prescreve uma vida sem contradições (sic, normal) e
obrigatoriedade em se ‘estar ocupado’ (entretido – as vezes sob a alcunha de
culturalmente) o tempo todo, como se o ócio ou canseira fosse um crime, quiçá
doença ou vergonha alheia.
Antes se possa conviver
harmoniosamente com a angústia existencial (leia-se medo do futuro, da morte –
angústia filosófica), que é fortalecedora do ser, mantenedora de espírito forte
e inquietante, já se institui a angústia do ‘nada fazer’, ou seja, é como se se
fosse proibitivo (ou até uma condenação) às crianças e aos jovens o tempo livre. Tempo livre para o nada
fazer é o tempo da construção e percepção do eu singular, é durante esse ‘nada
fazer’ que surge a ruptura, tanto para com o ordinário, quanto é possibilitadora
do phatos, espanto filosófico, pai de
toda a reflexão – o tal do ócio criativo.
Como notar sua localização no tempo/espaço no mundo ante aos lapsos sociais, da
percepção da individualidade e do outro, marginal a esta e outras individualidades,
se nossas crianças estão o tempo todo com a mente ocupada em instantaneidades
vazias – não importa se o celular que ele se apaixonou ou o cartoon que você ofereceu enquanto lava
a louça ou encera o carro? É como se desde muito cedo ensinássemos a elas o não-lugar, o não-pensar! O excludente filosófico!
A intervenção sempre presente dos
pais, das instituições reguladoras, ofertadas hoje pela tecnologia e outras
drogas sistematizantes, e da necessidade burra de buscar sempre o bem estar nas
crianças, desde muito cedo, é como a oferta da ‘chupeta normalizadora’, espécie de proibição da oportunidade de
reflexão, em vista a estagnação do ser – elas não precisam pensar!. Sabe aquele
desejo mais pueril dos pais, de que os filhos não crescessem? Pois é, ele tem
se tornado realidade. É como se, tacitamente, desde a tenra idade se
recomendasse as crianças o evitamento à arte filosófica maior: o devaneio
existencial. Resultado disso? Pode ser que eu esteja equivocado, mas pode ser
que não... resto em silêncio e ironia provocativa, até por não cometer a
burrice da própria generalização... Mas não é segredo que convivemos em meio a
adolescentes aos plenos 30 e poucos anos.
Mea culpa: ocupamos nossos filhos para não nos ocupar em detrimento
das nossas coisas ‘importantes’, dos nossos desejos esmagados ou sufocados pela
necessidade de atenção que eles reclamam pelos olhos, pelas nossas frustrações
(que ora passamos a eles sob a imagem de genealogia ou conquista tardia).
Ocupamos nossos filhos com monstrengos de entretenimento, com monitores em
festas de aniversário ou hotéis, com babás ou escolas /cursos variados até para
não nos ocupar, sic, culpar pela nossa ausência, pelas falhas na educação
moral-familiar-emocional e depois exigimos comportamento ético-social. Como,
caras pálidas???
To be continued
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