Problema epistemológico #2
Adoro um prolegômeno: Contratualismo –
teorias que tentaram justificar porque raios que nos partam vivemos em
sociedade, submetendo-nos a leis, governo e banho todos os dias.
Agora a gênese: a vida publitizada
(adoro também quando colocam um “z” pra criar um termo modernoso ao qual já
existe equivalente... #sqn) no facebook sempre nos leva a algumas considerações
epistemológicas...
Comparo a adesão às redes sociais a um
contrato social, nos melhores termos dos contratualistas Hobbes, Locke e Rousseau,
e a primeira conclusão que chego é que nós, quando adentramos a essa sociedade
virtual, não concordamos apenas com a restrição de nossa liberdade, mas também
abrimos mão de nossa consciência. Mesmo já superada a fase do “estado de
natureza” pre-contratual, acabamos novamente por abrir mão de nossa condição
humana para fazer parte do clube. “Teje” aceito!
As redes sociais nalgumas vezes denotam
um contrato ao melhor estilo “hobbesiano”, absoluto, embora muitos achem
equivocadamente que ele esteja mais para liberal e limitado pelas regras do
senso comum (espécie de constitucionalismo popular). Explico: mostra-se se
absoluto pois o Leviatã do Facebook (exemplo vale também para as outras mídias)
tem vida própria e convence os homens aderindo à rede saem do estado de
natureza e tem regulados seus comportamentos e pensamentos. Assim, logo tá (quase)
todo mundo pensando a mesma merda após a publicação de um novo même ou algo do
gênero, onde a pasteurização resta clara face a todos desejarem (quase) as
mesmas coisas. Vejo como uma nova institucionalização do “estado de natureza”, na
qual a máxima que campeava era a da “guerra de todos contra todos”, enquanto
hoje, p.e., “eu publico algo muito louco antes que você poste algo mais
cool...!” Essa repetição de ações dá validade às crenças (um abraço pra Hume e
as justificações acerca da “causa e efeito”) e todo mundo se acha juiz, médico,
professor e ombudsman de si mesmo.
Trocadilho infame à parte, Locke era
bem louco, e nos lega que as redes sociais acabam por oficializar e publicitar
o que já existira antes, ou seja, o “mimimi” e as opiniões alheias acerca de
tudo sempre existiram e apenas precisavam de uma ferramente oficializadora,
assim, o facebook segundo a visão “lockeana” surge como guardião da verdade
acerca da coisa publica, pois a ele damos confiança e consentimento e este nos
retribui o direito de falar merda alheia e. Isso o difere do facebook
hebbesiano, nos brindando agora com o direito de não exigir a averiguação das
correntes e notícias falsas, ou se assim o fizer (agir absoluto e contra minha
vontade), eu simplesmente troco de rede social preferida: “Orkut não tá com
nada, vamos agora de face, depois de Linkdin..., werever!)”.
Acho mesmo, e talvez, um pouco mais
acertada a visão de uma rede social regida pela contratualismo de Rousseau,
onde a adesão a mídia social não deve ser vista como “terra de ninguém”, mas
sim um espaço de união de forças em busca de privilegiar a vontade geral, que
geraria uma “lei” a ser seguida por todos enquanto o administrador seria aquele
que regularia o cumprimento dos direitos e deveres, sob a pena da exclusão e
banimento dos revoltosos, sobressaindo uma religião facebookeana sobrepondo-se
as demais propagadas, que em nada mantem a ordem na mídia social.
Brincadeiras à parte, adentramos à
rede por nossa vontade, e assumimos os deveres a ela inerentes, nos expomos a
opinião geram como assim também o fazemos no dia-a-dia, a única diferença
talvez seja que nas redes a opinião (certa ou nem tanto assim), ganha asas de
mercúrio, e nem sempre é validada segundo as máximas e/ou cuidados levantados
no “problema epistemológico#1”...
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