JUVENTUDE NENHUMA – O tipo normal


Houve um tempo em que adaptávamos o jovem aos meios e instituições sociais. E assim achávamos que uma ocupação ou adaptação significava integração. Foi assim na escola, igreja, trabalho, etc. Hoje uma infinidade de valores sociais, próprio das sociedades complexas – consumo desenfreado, volatividade de condutas, pluralidade de valores e falta de valores à priori – apenas disfarçam que todos vivem em espírito de rebanho, anestesiados e vorazes por golpes físicos ou de pix para um escapismo da dura realidade.

As relações sociais – leia-se família, escola, rede social – são a prova da impossibilidade de se crer na condição existencial do jovem, haja vista que na mínima brecha ou fissura do cotidiano notamos que a não vigilância opera como uma válvula de escape para seus medos, frustrações e traumas, espécie de licença para a desrazão ou ausência de comportamento ético, e muitos optam então por transgredir.

Desta forma, quando não agem conforme o protocolo social aceito, status de vida normal, imediatamente se diagnostica uma patologia social, ou ainda, é caçado um suposto atestado de saúde mental, mas será mesmo que, na maioria dos casos, podemos dizer que um jovem que não se compromete com a coesão social é um doente mental? Se sim, talvez nem caiba prisão contra ele por ocasião das transgressões...

Penso que designar como loucura ou outro mal moderno algumas transgressões (não que não existam) seria o mesmo que destituir a pessoa de uma singularidade em processo, e classifica-la de ante mão como incompetente e digna de exclusão, mesmo sob a possibilidade da sociedade (pais, escola, sistema social) terem cooperado diretamente para isso.

Se nós não sabemos como educar os jovens, é bem provável que não sabemos diagnosticá-los e puni-los e, ao invés de se levantar o porque dos seus papeis existenciais estarem tão confusos ou depravados. Hoje tem instituição social e remédio pra todos os males juvenis, e remos que ambos são capazes de vigiar as subjetividades que ainda não se desenvolveram ou as que delinquiram, até que ela aprenda a ser portar, pensar, agir, acreditar...

E antes que me questionem “qual o problema em vigiar e punir?”: Os papéis existenciais da clausura e da coerção das expressividades, sempre se estruturaram de acordo com as vontades e representações de um determinado período histórico, ou seja, hoje medicamos e prendemos não pelos mesmos motivos de ontem e talvez porque mudem amanhã... remédio e cadeia são o caminho pra construção ética juvenil? Com os adultos temos visto que não deu muito certo...

To be continued


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