Problema epistemológico #4 - Parte 2 - Eu conheço o conhecimento?

Se quiser evitar a fadiga veja o vídeo no meu canal:
https://www.youtube.com/watch?v=A-D8UqB_hak


Platão tentando por ordem no pensamento anterior e dando seus pitacos, bem como tentando responder a pergunta anterior, nos dá um deus-ordenador, um demiurgo (artesão autônomo), que organiza o Caos em Cosmos, tirando de sua cabeça as ideais e dando forma para participarem do nosso mundo. Logo, existem 2 mundos, um sensível (das formas e mundano) e um inteligível (das ideias, pensado), onde o homem ora habita um enquanto alma,  e ora o outro enquanto corpo.
Mas se me perguntarem, como a alma veio pro corpo que está no mundo das formas e não mais na mente de deus-artesão? Por castigo dos deuses por nosso mal comportamento. Nossa alma é uma charrete puxada por dois cavalos, um bom (razão) e um ruim (desejos) em busca da morada dos deuses, onde se a razão se descontrolar a charrete perde o rumo e desaba, restando a alma novamente na Terra até que ela (razão) aprenda a se controlar, ou seja, a alma precisa se purificar, e só conseguirá isso através da experiência de várias vidas, em busca da verdade, que nada mais é do que tentativa de lembrar algo que esquecera, ou tentativa de redescobri-la.
Assim, ser escravo era condição de castigo dos deuses, enquanto os filósofos e reis eram os que mais estariam próximos dos deuses com suas charretes, pois detinham a direção política do governo dos melhores.
Note que se a verdades são ideias de deus, elas não estão nesse mundo (e não dependem dos homens), e somente o uso correto da razão pode busca-las.
Essa ideia do conhecimento como descoberta é algo que Santo Agostinho vai “cristianizar” ao interpretar a bíblia, já que a mesma seria a palavra revelada (redescoberta de algo que Deus nos dera)...
Mas voltemos à Grécia... Aristóteles por sua vez, mesmo sendo aluno de Platão e concordando com o caráter metafísico das verdades, discordará da forma como conhecemos as coisas, pois para ele os dois mundos (ideias e formas) estão unidos na nossa realidade, e portanto , a verdade é possível ainda nesse mundo, em face da experiência e observação do mundo, onde a razão será a ferramenta usada através de uma análise lógica das coisas. Tomás de Aquino vai se alinhar mais a essa corrente do que a platônica ao assumir que a realidade é ponto de partida para o conhecimento, até porque a própria sociedade da época será mais complexa, onde novamente surge uma burguesia contrapondo-se a velha ordem das coisas, colocando o homem agora como centro do universo.
À partir destes dois pensadores, Platão e Aristóteles, podemos dividir tanto a origem do cristianismo, tendo em Platão uma raiz Agostiniana e em Aristóteles uma raiz Aquiniana, bem como o racionalismo de Platão nos legaria aos ensinamentos de Descartes, Spinoza e Leibniz, enquanto o empirismo de Aristóteles chamou a atenção de Bacon, Hume e Locke... e somente Kant vai dizer do conhecimento tanto na experiência quanto na razão, enquanto Hegel e seu idealismo vai propor que a ação (experiência) do homem depurará as ideias (razão) e finalmente Husserl, negando a impossibilidade do saber (ceticismo radical), nos lega que conhecemos apenas as coisas que aparecem aos sentidos onde a razão irá criar significados para esse fenômeno...
Por fim, assim, finalizando essa timeline modesta sobre a construção do conhecimento, e segundo a teoria de Mario Sérgio Cortela, esse dar-se-á na relação entre o sujeito e o objeto, levando-se em conta o tempo histórico, portanto, não sendo o conhecimento, bem como a noção de verdade (nossa dúvida inicial) não é absoluta, eterna, mas sim construída em sociedade e mutável em face das nossas necessidades!!

E aí, qual seu time? #platão #aristoteles? 

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