A
LIBERDADE
(Apresentação da Filosofia – André
Comte-Sponville)
Ser livre é
fazer o que se quer (em vários sentidos).
1)
Liberdade de fazer –
Liberdade
de ação, o contrário de obrigação ou obstáculo. Em Hobbes “nada mais é que
ausência de todos os impedimentos que se opõem a qualquer movimento” (p.e.,
água encerrada num copo não tem liberdade).
Assim,
a pessoa goza de maior liberdade conforme espaço que lhe dão. É livre para agir
quem não é impedido, logo, não é absoluta (sempre há algum obstáculo) e
raramente é nula
Os
limites são os outros ou a própria lei/estado. Desta forma, estamos a falar em
liberdade no sentido político, na qual o Estado limita e garante a liberdade
(sua e dos outros, permitindo que exista de modo válido e amplo), sendo maior numa
democracia ou estado de direito, e menor num estado totalitário ou no estado de
natureza.
Em
Locke “onde não há lei, também não há liberdade”.
Em
Voltaire “liberdade nada mais é que o potencial de agir”.
LOGO:
ser livre é fazer o que se quer: liberdade de ação, liberdade no sentido
político, física e relativa.
2)
Liberdade de querer
Liberdade
de vontade, no sentido metafísico. Para alguns, absoluta, e até sobrenatural.
Filosoficamente falando, encerra o sentido mais problemático e interessante
sobre a liberdade.
Somos
livres para o nosso ‘querer’, ou seja, o querer sempre é espontâneo?
Espinoza:
“os homens imaginam ser livres”. Os
homens não pensam nas causas dos seus desejos/querer por não terem o menor
conhecimento delas.
Sua
escolha, ainda a faça livremente, que é submetida a quem você é.
Duas
questões em Diderot: ‘Posso não ser eu? E sendo eu, posso querer diferentemente
do que quero?
·
Querer
o que eu quero: Primeira liberdade da
vontade. Espécie de pleonasmo: toda vontade espontânea e voluntária (Descartes).
Liberdade pouco contestada pelos filósofos, denominada ‘espontaneidade do querer’;
Liberdade
em Epicuro e Epicteto, e no essencial em Aristóteles, Leibniz e Bergson.
É a
liberdade da vontade que so depende de mim, é ainda, o poder determinado de se
determinar a si mesmo.
Pouco
importa se determinado pelo cérebro ou alma imaterial. Depende do que somos.
Os
atos emanam de nossa personalidade inteira (Bergson) e guarda semelhança com
ela. É o nosso caráter, que é nos
mesmos, influenciado por si, por ser livre.
É o
ato que emano do eu e que marca nossa pessoa, como verdadeiramente livre.
Não quero
qualquer coisa, quero o que eu quero, e sou livre para quere-lo.
Problema: sou livre para querer outra
coisa, que eu não quero?
·
Querer
o que eu não quero: Segunda liberdade da vontade. Contraditória por quase
violar o princípio da identidade (supõe querer o que eu não quero);
Liberdade
da indiferença, ou livre-arbítrio
(poder de se determinar a si mesmo sem ser determinado por nada);
O que
faço (minha existência) não é determinado pelo que sou (minha essência); o que
faço é o que cria o que sou – A existência precede a essência (Sartre);
O
Homem é livre porque antes de tudo ele não é nada, ele só se torna à partir do
que faz (suas escolhas);
Escolhas
movidas pelo livre-arbítrio. Em Platão é a escolha das almas (voltar a vida ou
viver com os deuses), em Kant o ‘caráter inteligível’, em Sartre ‘liberdade
original’.
É o
poder indeterminado de se determinar em si mesmo (se criar e recriar), o que
para alguns só é possível para Deus.
3)
Liberdade de pensar
Liberdade
de pensamento ou de espírito. Abarca em parte a liberdade de ação (sentido
político) pois faz parte da gama de direito humanos e exigências da democracia.
Pressupõe
a necessidade de avaliação do verdadeiro como própria definição de sua independência.
Assim,
tem a ver com liberdade da razão. Não é livre escolha, mas necessidade.
É a
liberdade do verdadeiro ou a verdade como liberdade.
Liberdade
em Hegel e Spinoza, Freud e Marx, onde compreendemos a liberdade como
necessidade.
Estar
livre é submeter-se somente a sua própria necessidade, assim, a razão é que é
livre, libertadora,
CONCLUSÃO
·
Liberdade
é um mistério, e isso nos constitui como mistério para si próprio;
·
Ninguém
nasce livre, torna-se, pois a liberdade não é absoluta, nem definitiva;
·
Somos
mais ou menos livres;
·
Liberdade,
além de mistério, é um objetivo e um ideal;
·
O
fato de não ser esclarecido por completo não impede de nos iluminar...
·
O
fato da dificuldade de alcance do objetivo não nos impede de tendermos a ele...
·
É
aprender a desprender;
·
Em
Spinoza, nada mais é do que o outro nome da sabedoria
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